sábado, 19 de abril de 2008

A vida ou um ideal?

O filme “A Vida de David Gale”, dirigido por Alan Parker (EUA, 2004), mostra a vida de um professor de filosofia acusado de estrupar uma aluna e de matar Constance. Por esses motivos, encontra-se no corredor da morte. Ocorrido tais fatos, sua vida torna-se muito difícil: perde o emprego, o filho e a auto-estima. David lutava juntamente com outros manifestantes, e inclusive com Constance (sua melhor amiga), contra a pena de morte vigente no país. Mas, o suposto assassinato cometido pelo professor, era tão somente um plano organizado pela própria vítima, seu namorado e David. Na realidade, Constance suicidou-se e esse acontecimento ficou em segredo, sendo que apenas no final do filme Bitsy (a repórter) ficará sabendo desse episódio. A intenção deles era que esse fato repercutisse na sociedade e fosse questionado sobre a falibilidade do governo referente ao sistena de condenação.
Observa-se, no transcorrer do filme, que na realidade David e Constance abdicaram de suas vidas por um ideal e por acreditarem que com essa atitude muita coisa poderia mudar para a sociedade.
Mas um homem ao tirar sua vida não estará agindo erroneamente?
Segundo Immanuel Kant, o homem deve ser considerado sempre em todas as suas ações como um fim em si mesmo. Para ele, o suicida priva-se de fazer algo para o mundo e deixa de contribuir para a felicidade dos outros. O filósofo afirma que cada homem dispor de si mesmo como um simples meio para qualquer fim supõe desvirtuar a humanidade em sua própria pessoa. O homem tem obrigação para consigo mesmo, para com os outros. Para Kant, o dever é alcançar a maior perfeição possível consigo mesmo, e a virtude é a máxima do ser humano no cumprimento desse dever. No entanto, David utilizou de si mesmo como meio para atingir um fim. E a virtude não visa um fim que não seja em si mesmo. Ora, o homem não pode perder o horizonte da racionalidade. Será que para fazer uma coisa melhor para o mundo se faz necessário tirar a própria vida?

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