quinta-feira, 1 de maio de 2008

O belo como símbolo da moralidade

O presente comentário tem como objetivo apresentar as investigações do mestrando Luciano referente a filosofia de Immanuel Kant com o tema "Belo como símbolo da moralidade". Ele utiliza algumas obras clássicas de Kant para a sua fundamentação, quais sejam A Crítica da Razão Pura, Crítica da Razão Prática, Crítica do Juízo e a Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Ao ler essas obras, Luciano observa que Kant estabelece uma conexão entre os juízos de gosto e da moralidade. Mas, como é possível que a estética favoreça a moralidade sem que juízos de gosto e juízos morais se confundam?

O mestrando se guia em sua pesquisa por uma leitura lógico-semântica e, segundo essa interpretação, Kant pretende mostrar como um ser racional finito é capaz de elaborar proposições sintéticas a priori e dar a elas o caráter de validade objetiva. Para dizer coisas a respeito da realidade o conhecimento pode ser justificado com os princípios da razão. A razão não se contenta com sistematizações da experiência, é preciso elevar ao grau máximo possível - ao infinito- então pode-se chegar a noção de Deus, de alma. Quando a razão usa o conhecimento e transcende eles, ela pode levar ao exagero e usar esses entes como objeto real.
As idéias transcendentais (Deus, alma, mundo) não podem ser entendidas como objeto de conhecimento, disso não se pode afirmar nenhum conhecimento. São afirmações que se permite apenas sistematizar, e através do princípio heurístico será possível dar sentido para essas percepções, inclusive a moral. Só pode usá-los enquanto analogia, ou seja, princípios que permitem a uma razão sadia sistematizar, dar uma certa unidade. A analogia e o símbolo aparecem como recursos importantes no sistema crítico. Eles servem justamente ao intuito de conservar o bom uso da razão. Mas, é na razão prática que a analogia parece sofrer um deslocamento de função, justamente para o caráter simbólico. Enquanto símbolo a analogia poderá encontrar um campo favorável à efetividade da lei moral. Agir moralmente não é um cálculo, e sim uma consciência da lei mediante um sentimento de respeito. A lei funciona não como um objeto, uma coisa existente. A certeza de fazer o que é certo vem de um intelecto e de uma sentimento. A lei causa um sentimento de respeito e esse se torna à priori e não mero sentimentalismo. Mas, como a lei interfere nessa sensibilidade?
O símbolo não está vinculado apenas para um intelecto que calcula se vai agir moralmente, mas como uma forma de estímulo como se legitimasse a forma de agir. Assim sendo, o sentimento de prazer até então era visto como um sentimento patológico(empírico), e Kant vem tratar o sentimento de prazer como um sentimento à priori. Ele o faz analogicamente inferindo uma lei (princípio) para que tenhamos sentimentos de prazer à priori. O belo se constitui como um conhecimento subjetivo a partir do momento que um objeto analisado transmite ao indivíduo um sentimento de contemplação.
Num primeiro momento essa contemplação se apresenta de forma particular e objetiva, entretanto, esse sentimento se universaliza por meio da razão, que é estimulada pelo princípio de Conformidade afins. Esse princípio causa no sujeito um sentimento de tranquilidade por estar contemplando o belo por meio de um objeto sensível e finito. Assinala-se no homem nesse momento, um sentimento de respeito a lei. Verifica-se que não há necessidade da experiência, legitimando-se assim a ação moral.
Analisando o conteúdo que foi transmitido pelo mestrando Luciano, observa-se seu empenho em realmente analisar e achar soluções para o problema de seu trabalho. O trabalho foi bem dividido em seções, explicitando-as com muita atenção e fazendo as devidas conexões com os conteúdos trabalhados.
Quadro de Pierre Auguste Renoir(1841-1919)